O ex-deputado federal Eduardo Valverde (PT-RO) e presidente regional do partido em Rondônia foi sepultado em Porto Velho no domingo (13), juntamente com o secretário do PT no estado , Eli Bezerra. Ambos faleceram num acidente automobilístico na sexta-feira. A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentaram a morte de Valverde.
Dilma observou que "Valverde atuou firmemente para a consolidação sindical daquele Estado, participando diretamente da fundação de vários sindicatos e do Partido dos Trabalhadores". Dilma lembrou a luta dele pelas causas sociais, pela erradicação do trabalho escravo e contra a exploração do trabalho de crianças e adolescentes.
Lula, por sua vez, enviou uma coroa de flores e disse sentir a "perda do companheiro que tanto ajudou na construção do Partido dos Trabalhadores e da Democracia".
Em nota, o diretório do PT estadual afirmou que o partido e o Brasil perderam "dois cidadãos de absoluto compromisso social, que dedicaram suas vidas à causa da construção da cidadania em nosso país".
O velório do ex-deputado e do secretário do partido aconteceu na sede do PT em Porto Velho, onde muitas pessoas passaram para prestar homenagens e dar o último adeus. A esposa de Valverde, Mara, recepcionou a todos e agradeceu a presença e o carinho de toda população.
TRAJETÓRIA- Eduardo Valverde iniciou sua trajetória política na militância sindical, como fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Urbanitários de Rondônia. Foi o segundo presidente da CUT regional e do PT regional e municipal. Participou diretamente da fundação da maioria dos sindicatos de trabalhadores urbanos rondoniense. Auditor fiscal do trabalho, era formado em direito e administração.
Em 2006 foi reeleito para o segundo mandato, e voltou-se ao fortalecimento da legislação trabalhista e sua aplicação às outras relações de trabalho. No ano passado, licenciou-se do cargo para disputar as eleições para o governo de Rondônia.
Ficou em terceiro lugar, mas teve um papel chave na construção do acordo PT/PMDB que elegeu o governador de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB).
Na duas legislaturas, ergueu como bandeira o combate ao trabalho escravo, a defesa dos povos indígenas e do meio ambiente. Destacou-se na defesa da Amazônia e do projeto nacional e popular quer o PT vem implementando desde 2003, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e, agora, com Dilma Rousseff. Defensor do desenvolvimento sustentado e socialmente amparado.
Na Câmara, ele integrou várias comissões, como a de Minas e Energia, de Direitos Humanos e a de Trabalho, além do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Como defensor da Amazônia, atuou para ampliar a participação da bancada da região nas instâncias de decisões políticas nacionais.
Eduardo Valverde trouxe no currículo uma curiosa passagem como senador por meia hora. O fato ocorreu em 2001 devido a uma situação tão específica que gerou interpretações diferenciadas da legislação eleitoral. Candidato a senador em 1994, Valverde foi o quarto mais votado. Na época, entrou com mandado de segurança contra os dois primeiros colocados, alegando envolvimento em corrupção. Em 2001, a coligação do segundo colocado, Ernandes Amorim, que cumpria o mandato, foi condenada. O terceiro mais votado, Amir Lando, que deveria assumir a vaga, já estava cumprindo outro mandato de senador, conquistado em 1998. Para ocupar a vaga de 1994, teria de renunciar ao mandato que exercia.
Como Amir Lando não renunciou, Valverde foi chamado pela Justiça Eleitoral para assumir o cargo em junho de 2001. O fato deu-se durante a luta pela implantação da CPI da Corrupção, quando a oposição contava voto a voto os adeptos da apuração ampla de atos ilícitos na administração pública. Não deu outra. Valverde assumiu e, meia hora depois, seu mandato foi cassado por liminar da Justiça Eleitoral.
Eduardo Valverde Araújo Alves nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 20 de fevereiro de 1957 e era funcionário público federal (auditor-fiscal do trabalho). Vivia há vinte anos em Rondônia.
Equipe Informes