Alto Alegre dos Parecis - Rondônia, 28 de Novembro de 2010.
“Difícil não é
lutar por aquilo que se quer, e sim ser forçado a desistir daquilo que se mais
ama”.
Olá irmãos no Verbo Divino,
Ao cumprimentá-los na Paz do Senhor, venho
através desta colocá-los apar da minha real situação aqui na Diocese de Ji –
Paraná. Primeiro, veio uma carta do Senhor Bispo me desejando felicidade pelo
êxito das eleições, logo dele que tanto me desejou o mal. Hoje fui tomado de
surpresa pela suspensão “a divinis’. Mas, aplaudo e encorajo aqueles que vêem
para além da aparência de uma "suspensão" para a qual não existe
motivo ou justificativa alguma. A minha condenação trata-se puramente de um
processo político em que fui vítima, e na verdade não vejo dificuldade alguma
em um verbita encarnar a realidade da política. O meu amor pela política foi
fruto da minha formação missionária verbita. Mesmo como estudante sempre tive
uma visão muito politizada da sociedade. E como religioso católico sempre
acompanhei a linha mais de esquerda da Igreja, sempre me envolvi no partido, em
movimentos sociais, de sem terra, de jovens, sempre fui muito a favor das
comunidades eclesiais de base.
Toda pena, necessariamente, é
relacionada a algum tipo de delito, e quanto maior é a pena, maior deve ser o
delito. Pois bem, no meu caso onde está o delito para tão grande pena?
Acredito que sou e tenho sido sempre, ao longo de onze anos, um religioso
missionário sacerdote católico fiel. Mas, pelo menos de acordo com um decreto
mal elaborado que recebi hoje, eu estou "suspenso do sacerdócio". É muito curiosa tal decisão unilateral e
autoritária. O único fundamento supostamente alegado para a minha
"suspensão" seria a minha candidatura a Deputado Federal.
Considero
que isso para mim é uma pena de vingança da nossa autoridade eclesiástica ao me
retirar o direito de celebrar missas. Será que não poderia haver outro caminho
de diálogo, uma vez que “a autoridade na Igreja tem mil caminhos para dialogar
com o sacerdócio”?
Sou
político por vocação pessoal, mas a minha vida tem sido um eterno sacerdócio.
Como
pode ser castigado um religioso missionário por não poder fazer algo que o seu
próprio acusador o impede de realizar? A lei da Igreja é mais misericordiosa
que o meu acusador [Can. 1321]. A lei da Igreja diz que ninguém pode ser
castigado por não ter feito o impossível. Eu sei que estou me movendo em
terreno minado... Mas vale a pena arriscar tudo, mesmo a vida, pela verdade,
pela caridade e pela própria justiça. Esta é a minha autêntica postura religiosa
sacerdotal. Tal proibição pra mim tanto é ilícita quanto desnecessária, pois
não sou sacerdote diocesano, além de não pertencer aos quadros diocesanos,
nunca celebro sem a prévia permissão dos párocos e responsáveis nas
comunidades. Eu sou missionário e sempre buscarei a verdade sem medo, e como
dizia São Paulo: a fé expulsa o medo.
Será
que rezar é um pecado? “Pois vou rezar por aqueles que me desejam o mal”. Ao
contrário de outros, nunca usei o “altar” ou outros “espaços sagrados” para falar
de política, falar leviandades ou assuntos de interesse de determinados grupos.
Nunca me aliei a corruptos nem a corruptores, não sou pedófilo e nunca
desrespeitei o magistério da Igreja. Fui um bom Prefeito e com certeza se Deus
quiser serei um bom Deputado Federal e usarei a
Tribuna do Parlamento para denunciar e defender os assuntos de interesse do povo
de Rondônia e do Brasil.
Creio que estas poucas linhas são
suficientes pra entendermos e refletirmos seriamente sobre o caminho da morte
do profetismo na nossa Igreja Católica. A
Igreja do Vaticano II é a do povo de Deus. Todos nós clérigos e leigos devemos
contribuir para colocarmos em prática a nossa fé, nossa esperança e nosso amor.
Atenciosamente.
Padre
Máriton Benedito de Holanda (Padre Ton)
Padre
e Deputado Federal Eleito